sábado, 4 de junho de 2011

Mentali Vacuum

vácuo
adj (lat vacuu)
1. Que não está ocupado por coisa alguma; que nada contém; vazio, despejado.
(...)
4. O espaço de tempo em que alguém está desocupado.
5. O aborrecimento, o enfado que, para o espírito, resulta dessa fastidiosa ociosidade.
6. Sentimento penoso de privação.
7. Privação determinada pela ausência.

amizade
sf (lat amicitate)
1. Sentimento de amigo; afeto que liga as pessoas.
2. Reciprocidade de afeto.
3. Benevolência.
4. Amor.

completude
sf (completo+ude)
1. Qualidade ou estado do que é completo.

Como minha mente anda um vácuo intelectivo nos últimos meses, vou postar aqui um texto adaptado de uma resposta minha a uma entrevista feita pelo meu amigo Luis Fernando 'Éomer' Martins num tópico do fórum Valinor. Segue:



"Defina amizade"

A meu ver a amizade tem que ter como fundamento a boa índole de ambas as partes. Não precisa ser um homem de bem pleno (já que existem pouquíssimas coisas que são plenas em sua natureza), entretanto, àquele que ele julga amigo, deve-se sempre ansiar o bem, o bom, ser franco sem ser ácido, ser um ouvinte exemplar... Amizade e impertinência são antagônicas excludentes!

O amigo puro é aquele que tem gostos simples e parecidos (e, para serem mais e mais parecidos, quanto mais simples melhor) com outrem, cuja semelhança seja ao ponto de não saber se, ao olhar ao confrade, vê uma imagem especular de si, ou se ele próprio é um reflexo espelhado do outro. Isso conserva a fidelidade! Aquele que não tem o mesmo gosto, nem os mesmos sentimentos nossos, não pode ser um amigo certo e constante, e uma alma dissimulada e tortuosa não pode ser fiel.

Não há verdadeira amizade sem interseção! O real companheiro é aquele que se vê tanto n’outro que seria capaz de sacrificar o seu júbilo em prol do camarada e, mesmo assim, realizar-se quase em sua plenitude com a conquista alheia. O que nos agrada não é a utilidade oferecida pelo nosso amigo, mas sim o carinho desse amigo; e tudo o que nos for oferecido por ele, nos será agradável, contanto que transpareça a dedicação.

Amigos são gêmeos siameses que dividem mente e coração, vitória e decepção. São aqueles que não expõem o outro ao ridículo, e defendem sua honra como o fariam com a própria, ao custo de não-amizades, ou quase-confrades. Um torna a vida do outro mais ‘prosperável’, suas dores mais suportáveis, seus ânimos mais acesos... É aquele catalisador do Sol, do seu, do céu.

Companheiros que se escolhem são filhos descompromissados da Natureza, onde todo o feito é verdadeiro e fruto da vontade. É uma louvável grandeza de carinho! trocada em embrulho de veludo, macio ao toque, belíssimo ao enfoque. Ela sobrevive, não sem escoriações, não sem cicatrizações, aos torvelinhos de desventuras advindos do tempo ou da má sorte.

Àquele honrado irmão de alma, cujo destino (e acreditem que ele existe!, o ‘acaso’ é tão lenda quanto o saci-pererê) brincou de romper o contato, devemos a ética do evitar falácias. Não é digno da nossa parte colocar como foco do ódio aquele que outrora já esteve na nossa mais alta hierarquia da estima, salvo exceções, que se houverem, desqualificam toda a essência da amizade pregressa. Honrá-los é um exercício de retidão e homenagem histórica.

O que eu disse é sobre amigo ou amor? Ou os dois? Ou o amigo é amigo do amor?, e, portanto, são indissociáveis?


P.S.: Resposta fortemente influenciada pelo livro "Diálogo sobre a Amizade.", do filósofo e escritor Marcus Tullius Cicero, que eu havia lido pouco tempo antes.