sábado, 15 de outubro de 2011

Ah, se eu fosse um padre...

problema
sm (gr próblema)
1. Questão levantada para inquirição, consideração, discussão, decisão ou solução
(...)
5. Tema cuja solução ou decisão requer considerável meditação ou habilidade.
6. Qualquer assunto ou questão que envolve dúvida, incerteza ou dificuldade.

poema
sm (gr poíema)
1. Obra em verso.
2. Composição poética do gênero épico, mais ou menos extensa e com enredo.
3. Epopéia.
4. Obra em prosa em que há ficção e estilo poético.
5. Assunto ou coisa digna de ser cantada em verso.

adoçar
(a1+doce+ar2) vtd
1. Tornar doce: Adoçar o fel amargo da existência.
(...)
3. Mitigar o sofrimento de: A música adoça a tristeza. Adoçar alguém com presentes.
4. Atenuar o efeito de: Adoçar a lei, as fadigas. Adoçou a canseira com um banho.
5. Abrandar, suavizar: Adoçar o caráter, o natural.


Um dos axiomas da vida é: “todo mundo tem problemas”. Comigo não seria diferente, não é mesmo? O maior e mais torturante deles, no momento, relaciona-se à Universidade e a proximidade do seu término. Não entrarei em detalhes aqui, porque, né, não convém, mas procurei uma querida professora, que já me socorrera numa crise pregressa, para aconselhar-me sobre como proceder diante da realidade ululante. Conversamos por aproximadamente duas horas, nas quais me emocionei muito, trocamos confidências, abraçamo-nos e expurguei todos os meus demônios interiores. Inclusive citei meu gosto pela escrita amadora e a existência deste blog, o que fez os olhos da Professora brilharem.

Durante toda a conversa, que aconteceu no horário de almoço dos professores, supus que estávamos sozinhas numa das salinhas do Departamento, cujas paredes são vazadas. Ledo e feliz engano! Assim que despedi-me da professora, que remira minhas mazelas, e entrei no corredor do quarto andar do Hospital Universitário, reparei com a visão periférica que alguém tentava me alcançar e me chamava pelo nome.

-Patricia... Patricia...
-Oi... Professor?!
- Minha querida, nunca desista dos seus sonhos. Os problemas vem e vão e devemos ser capazes de enfrentá-los. Sê feliz! Continue escrevendo! Receba este poema e uma paçoca para adoçar a vida.

E ele entregou-me uma poesia linda (abaixo), em folha impressa, com pequenos rasgos, com marcas de fitas adesivas tiradas às pressas. Provavelmente a trova estava pregada na parede da sua sala por um tempo razoável, o que eleva ainda mais o valor simbólico do presente e da atitude. Obrigada, Professor Porphirio José Soares Filho, por ser um agente transformador positivo das pequenas cabeças dos estudantes universitários. Você faz a diferença!

Apreciem:


Se eu fosse um padre
Mário Quintana

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
— muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —
um belo poema sempre leva a Deus!

3 comentários:

Abóboro Rui disse...

coisa linda. O Porphirio te presenteou com Mário Quintana!

O mundo tá aí inteiro pra gente e tem muita coisa a ser feita. Não dá pra fugir dele o resto da vida, né?

Abóboro Rui disse...

a vida toda...

Bruno Vianna disse...

Nossa, fico imaginando o quanto este poema significava pra ele a ponto de estar impresso e pregado em alguma parede, sabe-se lá por quantos anos. E ele abriu mão de algo simbólico pra ele para adoçar a alma de uma aluna. Alunos ele tem de sobra, mas somente por poucos, para os que sabem ser únicos, ele abriria mão de algo tão especial assim. Que coisa linda! Que vida doce! =)